sábado, junho 16, 2007

14ª edição - Se livrando das dívidas

Eu já cansei de ler em livros de finanças pessoais que a educação financeira do brasileiro é péssima. São poucas as famílias que estimulam os filhos a administrar o dinheiro desde cedo. O resultado são pessoas que não conseguem seguir um princípio básico das finanças pessoais: não gastar mais do que ganha.

Parece ser algo simples, mas para a maioria das pessoas não é. Muitas usam o limite do cheque especial do banco como se aquele dinheiro pertencesse a elas. Quando na verdade o dinheiro pertence ao banco, que cobra caro para emprestá-lo – juros que chegam a 6% ao mês. Ou usam o cartão de crédito para financiar compras e compras a perder de vista. No fim das contas são tantas prestações que aquele princípio básico ali em cima vai para o beleléu.

Por isso considero fundamental fazer a planilha de gastos e confrontá-la com a receita. Se as despesas excederem-na, é preciso cortar, e não pedir emprestado ao banco, como muitos fazem.

Mas digamos que você já está atolado até a cabeça de dívidas. Não tem dinheiro para honrar com as prestações, muito menos para liquidar o principal. Não tenha vergonha de ir ao seu banco e negociar com o gerente. Diga que não tem como pagar e que quer renegociar a dívida. O banco certamente o fará, uma vez que é melhor receber menos do que receber nada.

Tente alguma linha de crédito mais barata do que a sua dívida. Por exemplo, o cheque especial cobra em média 6% ao mês. Vá ao banco e peça um empréstimo com juros menores – 3% é plausível – para quitar este primeiro. Isto já vai aliviar parte do seu sufoco.

Outrra opção é pegar emprestado com familiares seu saldo devedor a juros por exemplo, do CDI. Mas para isso, tome a iniciativa de fazer um documento reconhecido em cartório que comprove que você está devendo a seu familiar e que vai pagar conforme aqueles juros. O CDI hoje não chega a 1% ao mês. O familiar vai ganhar, porque vai emprestar com juros acima da maioria das aplicações existentes e você ganha porque vai poder quitar aquela dívida cara lá em cima, de 5%, 6% ao mês.

Só para exemplificar. Hoje você deve ao banco R$ 3 mil, a juros de 5% ao mês e o prazo de pagamento da dívida é de dois anos. As prestações para quitar essa dívida serão de R$ 217. Se você pegar o mesmo valor com seu familiar, documentar em cartório que vai pagar com juros de 1% ao mês, suas prestações caem para R$ 141. Ou seja, só aí você já consegue um alivio mensal de R$ 75. Para quem está atolado, é um começo.

Além disso, nesses dois anos, esses R$ 75 aplicado a juros de 0,6% (poupança), representa uma economia de R$ 1,9 mil. De resto, é só fazer o corte nas despesas – sempre há despesas a cortar, basta conhecê-las! E não pegar novos empréstimos.

Na próxima edição, ensino uma maneira muito legal de comprar as coisas que se deseja sem entrar em dívidas malucas.

Uma boa semana de economia.