Eu já cansei de ler em livros de finanças pessoais que a educação financeira do brasileiro é péssima. São poucas as famílias que estimulam os filhos a administrar o dinheiro desde cedo. O resultado são pessoas que não conseguem seguir um princípio básico das finanças pessoais: não gastar mais do que ganha.
Parece ser algo simples, mas para a maioria das pessoas não é. Muitas usam o limite do cheque especial do banco como se aquele dinheiro pertencesse a elas. Quando na verdade o dinheiro pertence ao banco, que cobra caro para emprestá-lo – juros que chegam a 6% ao mês. Ou usam o cartão de crédito para financiar compras e compras a perder de vista. No fim das contas são tantas prestações que aquele princípio básico ali em cima vai para o beleléu.
Por isso considero fundamental fazer a planilha de gastos e confrontá-la com a receita. Se as despesas excederem-na, é preciso cortar, e não pedir emprestado ao banco, como muitos fazem.
Mas digamos que você já está atolado até a cabeça de dívidas. Não tem dinheiro para honrar com as prestações, muito menos para liquidar o principal. Não tenha vergonha de ir ao seu banco e negociar com o gerente. Diga que não tem como pagar e que quer renegociar a dívida. O banco certamente o fará, uma vez que é melhor receber menos do que receber nada.
Tente alguma linha de crédito mais barata do que a sua dívida. Por exemplo, o cheque especial cobra em média 6% ao mês. Vá ao banco e peça um empréstimo com juros menores – 3% é plausível – para quitar este primeiro. Isto já vai aliviar parte do seu sufoco.
Outrra opção é pegar emprestado com familiares seu saldo devedor a juros por exemplo, do CDI. Mas para isso, tome a iniciativa de fazer um documento reconhecido em cartório que comprove que você está devendo a seu familiar e que vai pagar conforme aqueles juros. O CDI hoje não chega a 1% ao mês. O familiar vai ganhar, porque vai emprestar com juros acima da maioria das aplicações existentes e você ganha porque vai poder quitar aquela dívida cara lá em cima, de 5%, 6% ao mês.
Só para exemplificar. Hoje você deve ao banco R$ 3 mil, a juros de 5% ao mês e o prazo de pagamento da dívida é de dois anos. As prestações para quitar essa dívida serão de R$ 217. Se você pegar o mesmo valor com seu familiar, documentar em cartório que vai pagar com juros de 1% ao mês, suas prestações caem para R$ 141. Ou seja, só aí você já consegue um alivio mensal de R$ 75. Para quem está atolado, é um começo.
Além disso, nesses dois anos, esses R$ 75 aplicado a juros de 0,6% (poupança), representa uma economia de R$ 1,9 mil. De resto, é só fazer o corte nas despesas – sempre há despesas a cortar, basta conhecê-las! E não pegar novos empréstimos.
Na próxima edição, ensino uma maneira muito legal de comprar as coisas que se deseja sem entrar em dívidas malucas.
Uma boa semana de economia.
sábado, junho 16, 2007
14ª edição - Se livrando das dívidas
Postado por Beto às 2:17 PM
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