domingo, março 25, 2007

3ª edição - Em que investir

Logo depois de eu ter enviado o e-mail da 1ª edição do Finanças e Ciladas, uma colega de trabalho (não, eu não sou o Sílvio Santos) veio me perguntar. “Roberto, eu acabei de receber o meu FGTS. Onde devo investir?”. Eu titubeei, mas disse em seguida. “Não sei. Depende do seu objetivo”. Saber em quê investir é uma questão de ter um bom motivo para guardar dinheiro. Nas próximas linhas, darei alguns exemplos de onde aplicar o dinheiro.

Poupança: Até um mês atrás era mais atraente que os fundos DI. Embora a rentabilidade fosse menor (0,60% a.m.+TR), com a queda na taxa Selic, a velha caderneta superava os fundos DI e de Renda Fixa por dois motivos: essas aplicações pagam imposto de renda (uma mordida de 22,5% do seu ganho) e os bancos cobram taxas de administração médias de 4%. No entanto, se você quer ter menos trabalho e correr zero risco, sem dúvida é a melhor opção. Investimento de curto prazo.

Fundos de investimentos: Todo banco que se preza tem uma prateleira cheia de fundos de investimento para todos o tipo de poupador: agressivo, moderado ou conservador. Mas tem um porém. Os seus lucros são divididos com o banco. E as perdas...você sabe, são só suas. Os fundos mais conservadores têm risco muito baixo, mas retorno idem. Não aconselho, pelo menos agora.

Tesouro Direto: Meu preferido para uma poupança de curto (1 a 3 anos) e médio (3 a 5 anos). Exige, no entanto, um aprendizado, que será assunto em futura edição. Nesta modalidade você vira credor do governo, ou seja, empresta dinheiro para o Lula. E ele – ou outro presidente – te paga juros pelo empréstimo. Com a queda da Selic, a rentabilidade ficou um pouco comprometida. Mas trata-se de investimento com risco muito baixo. Ótimo para fazer um plano de previdência privada, desde que combinado com compra de ações.

CDB: Sigla de Certificado de Depósito Bancário. É um título de renda fixa (assim como os do Tesouro Direto) emitido por instituições financeiras. Estão com juros similares ao do Tesouro Direto. Bom para aplicações de 360 a 720 dias. O risco é o risco das instituições financeiras darem um calote. Se iguala ao Tesouro Direto em termos de prazo de aplicação.

Ações: Investimento de longo prazo. É fundamental que se saiba disso. Somente profissionais sabem ganhar dinheiro com ações do dia para a noite. Exige um certo aprendizado e um acompanhamento periódico. Se o dinheiro poupado é para ser usado em um prazo acima de 10 anos, esse é o caminho. Enquanto o país tiver perspectivas de crescimento, a trajetória desses papéis é sempre ladeira acima. Mas é preciso resistir às crises do mercado. Tem gente que quando vê uma perda de 10%, tira logo o dinheiro com medo de perder mais. Só faça isso se a empresa estiver quebrando (leia e fale com os analistas da sua corretora). Fora isso, agüente firme. A espera irá lhe recompensar. Em outra edição, ensinarei o ABC de como comprar ações. Para o plano de aposentadoria, é o fundamental. Você já fez o seu? Um pré-conselho: fuja dos bancos!

É isso. Aqui mencionei apenas algumas das opções disponíveis. Na verdade, quis privilegiar o pequeno poupador, como eu e você. Mais uma vez o recado é: defina o objetivo de guardar o dinheiro. Escolha uma quantia mensal, a melhor aplicação e mãos a obra. Persista sempre! Boa semana para todos.

:: Na próxima edição: Tesouro Direto, como investir.

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domingo, março 18, 2007

2ª edição - Fazendo o dinheiro sobrar

Na última – que também foi a primeira – edição do Finanças, vocês descobriram a mágica que o transforma num belo e requisitado milionário. É óbvio que juntar R$ 1 milhão foi uma grande brincadeira. Serviu para ilustrar que o dinheiro, bem aplicado, trabalha para você. E que qualquer coisa que se quer ter no futuro – uma casa, um carro ou a viagem dos sonhos – é um sonho possível. Mas para isso é preciso sobrar dinheiro. Até o Lula já sabe disso (pelo menos eu acho). Por isso, vieram me perguntar: como fazer para que sobrem umas moedinhas no porquinho nos derradeiros dias do mês? A resposta está dentro de cada um.

A tarefa não é nada trivial, não se enganem. As pessoas costumam criar necessidades para si mesmas. Esses mimos custam dinheiro e, não raro, muito. Um celular com plano de 500 minutos, uma conexão de Internet com 4 mbps, perfumes caríssimos, aparelhos eletrônicos de última geração, lazeres luxuosos, presentes – sim os presentes – caros, supérfluos nas compras do mês, ir trabalhar de carro são alguns dos exemplos possíveis. “Ah, então entendi Roberto, eu tenho que abrir mão disso tudo?”. A resposta é um sonoro NÃO. Mas façam um exercício simples e se perguntem: de todas essas coisas que eu tenho hoje, com o que eu posso viver sem? Ou pelo menos viver com menos? E ter por menos?

Tenho certeza que, com calma e raciocíno lógico, a resposta virá. Passada essa etapa, é hora de saber direitinho para onde está indo o dinheiro. Caneta e papel na mão – ou melhor, teclado, mouse e uma boa planilha eletrônica. É imprescindível identificar gasto a gasto. Sem isso, não há como atacar corretamente. Legal também é saber o percentual que cada dispêndio representa no bolo. Basta dividir o valor do gasto X (luz por exemplo) pelo gasto total e multiplicar por 100.

Agora é hora de arregaçar as mangas e agir. Primeiro nos gastos fixos. Imponha-se metas de redução. Qualquer dono de padaria da esquina sabe disso. Reduza, por exemplo, em 15% cada uma das despesas fixas. Luz, água, gás, telefone e celular podem ficar mais baratos se houver parcimônia. Vilões da luz: ar-condicionado e chuveiro elétrico. Afinal você precisa mesmo de um banho fervendo de 20 minutos? Ou cinco bastam? Foi pra isso que você ralou tanto? Tente reduzir o tempo do ar-condicionado ou regule o termostato para uma temperatura que deixe o ambiente agradável – o meu não passa da metade da volta toda.

Algumas despesas, como escolas dos filhos, não dá pra reduzir. Paciência. Mas ano que vem tente negociar com o colégio o pagamento a vista das mensalidades, obtendo um bom desconto. Não feche negócio, no entanto, antes de conversar com alguém que realmente entenda de matemática financeira. É bem possível que o preço a vista não compense, porque os donos da escola sabem fazer conta como ninguém. Me mande um e-mail (já estou até vendo as cartinhas entupindo minha caixa) e a gente vê o que é melhor. A dica vale para outras despesas, como seguro do carro. Cuidado com os parcelamentos, eles podem minar seu orçamento.

Celular e telefone também podem ser reduzidos e você, no fundo, sabe disso. Controle-se, fale menos. A menos que você use o aparelho para trabalhar, não é preciso ficar pendurado nele ou ligar para todos os amigos a toda hora. Em último caso troque aquela conta gigantesca por um pré-pago e coloque somente uma quantidade mensal de créditos determinada por você. Afinal, quem manda na sua vida?

Lazer. Grande ladrão das contas mensais. O maior deles e muitas vezes o mais difícil de atacar. Eu uso uma maneira simples: determino quanto eu posso gastar de lazer num mês, tiro o dinheiro do banco e separo em casa. Não uso o cartão de débito para nada, somente o dinheiro sacado. Quando acaba, digo aos amigos: “Hoje não dá, estou sem dinheiro”. Não é vergonha nenhuma, como diria Galvão Bueno sobre perder para a Argentina.

A técnica do lazer vale para quase todos os outros gastos variáveis. Lembre-se, não é cortar. É reduzir, no nosso exemplo, em 15%. Pra quem ganha R$ 5 mil por mês, 15% gastos a menos são R$ 750 a mais no bolso. Depois de cinco anos, isso, aplicado na poupança – que é a pior aplicação possível – se transforma em R$ 53.639,12. Não esqueça de me dar pelo menos os R$ 639,12 pela dica.

Já que pegou o embalo, guarde seu cartão de crédito em casa e não ande com talões de cheque. Gastar dinheiro sem vê-lo sair é tão fácil que ele acaba indo todo.

Uma boa dica também é fazer um orçamento anual. Mas, cada passo de uma vez, vamos ficar só na planilha mensal por enquanto. Mais uma vez, é preciso disciplina e perseverança. Palavras-chave para quem quer guardar hoje, para ter mais amanhã. Boa economia para todos.

:: Na próxima edição do finanças, em que aplicar?

domingo, março 11, 2007

1ª Edição - Como ser milionário

Conforme prometido, hoje vou ensinar como fazer o seu primeiro milhão. Antes de tudo, é preciso paciência. Se hoje você está com 25 anos e quer ser milionário aos 65, para ter uma aposentadoria feliz e cheio de gente falsa a sua volta puxando seu saco, é só depositar todo mês R$ 1.462,55 na caderneta de poupança. Simples assim! Já sei, está decepcionado.

Bem, em um país como o Brasil, não há muitas pessoas capazes de ter esse dinheiro sobrando no fim do mês. Seria preciso essa combinação perfeita de salário alto e disciplina. Então está tudo perdido, certo? Ainda não.

A simples conta foi feita levando em consideração os juros da caderneta de poupança, que são míseros 0,14% por mês, descontada a inflação. Mas juros melhores são possíveis. Bolsa de valores, debêntures, títulos do governo. Tudo isso está ao alcance de qualquer cidadão. Basta ter uma conta numa corretora de valores e pronto.

Voltemos, ou melhor, avancemos para seus 65 anos. Você vai estar lá, curtindo a vida em cruzeiros pelo mundo todo. Para isso, é só aplicar em um título com uma rentabilidade anual de 8% anuais (As NTNs-B dão exatamente isso), descontada a inflação. Fácil: Deposite R$ 314,11 mensais nesta aplicação e voila, aos 65 anos, você será o mais novo milionário do pedaço.

"Mas espera aí, eu não quero ser milionário aos 65 anos, quero ser daqui a 20 anos no máximo, no auge dos meus 45. E olha aí, eu tenho todo mês R$ 500 sobrando", disse aquele diabinho soprando no meu ouvido. Então vamos lá: Aplique na bolsa, persistindo durante as crises. Faça isso vinculado a um índice, como o Ibovespa (principais papéis negociados) ou o IBR-X (mais negociadas). Ou seja, tem que constituir uma carteira que reflita a composição de algum índice da bolsa.

E aí temos o resultado. Basta ele dar em média 24,7% ao ano (1,85% ao mês), já descontando a inflação e como aqueles quinhentinhos você será milionário. Difícil? Sim. Impossível? Nem de perto. Tudo vai depender do risco que você está disposto a assumir.

O difícil nesses casos não é achar essa aplicação mágica, mas ter disciplina. Ser persistente. Sobreviver às crises da bolsa. Não se desesperar com as oscilações do mercado. Há outras maneiras de ficar milionário sem tanto sacrifício e sem contar com tantas incertezas. Você pode ter uma idéia do dia para a noite e criar um produto revolucionário que vai lhe render muito mais do que R$ 1 milhão. Mas se você não se considera um iluminado, siga as outras dicas. Mesmo que você não alcance o milhão, certamente alcançará a metade dele e poderá desfrutar bastante da vida.

:: Na próxima edição em 18/03 – Como fazer o dinheiro sobrar no fim do mês?