segunda-feira, junho 25, 2007

15ª edição - Constituindo reservas

Venho batendo a bastante tempo na tecla de que não devemos nos endividar. Ao contrário de uma empresa de capital aberto – em que às vezes o endividamento aumenta o valor da companhia – o endividamento para a pessoa física nunca é positivo. Mas é claro, todos temos nossas necessidades de consumo, sejam supérfluas ou não – mas não é nesse mérito que quero entrar – e temos de dar vazão a elas.

O que eu quero dizer é que há uma maneira bastante interessante de adquirir coisas: constituindo reservas. Naquela nossa planilha mensal de gastos, podemos incluir algumas linhas de reservas para emergências e aquisição de bens/serviços.

Por exemplo, você deseja muito trocar de carro, não abre mão de andar de carro novo e para isso você terá que vender o seu carro e desembolsar mais R$ 10 mil. Inclua lá na sua planilha a conta “carro novo”. Usando conhecimentos de matemática financeira (podem me perguntar) veja quanto é necessário aplicar por mês para chegar a esta quantia. No nosso caso, a uma taxa de 7% ao ano, basta colocar num fundo de investimento ou mesmo na poupança R$ 251 mensais. Em três anos você terá o seu carro novinho em folha. Se você corrigir essa aplicação mensal pela inflação (somando a inflação do mês), não perderá o poder de compra.

Mas a regra vale para coisas pequenas. Por exemplo, em um ano você sabe que terá de gastar em roupas cerca de R$ 800. Coloque lá uma linha “vestuário”. Com essa mesma taxa de poupança, basta fazer a reserva de R$ 64 mensais e jogá-la no fundo de investimento. Quando já tiver uma quantia que dê pra comprar algo, não se intimide em tirar da poupança e fazê-lo. Você comprará o que deseja e não comprometerá seu orçamento mensal. Peça um desconto nas compras a vista. É um direito do consumidor.

E a regra vale também para impostos, seguro do carro, etc. Estime quanto vai ser o valor do imposto – IPVA por exemplo – divida por 12 e vá colocando na poupança todo mês. Quando chegar a hora de pagar, retire de lá e pague. Seu orçamento continuará intacto.

E por que isso é melhor do que se endividar? Caso surja uma outra urgência, você terá como fazer frente a ela, porque não estará endividado, e sim com uma reserva no banco.

Uma boa semana a todos

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sábado, junho 16, 2007

14ª edição - Se livrando das dívidas

Eu já cansei de ler em livros de finanças pessoais que a educação financeira do brasileiro é péssima. São poucas as famílias que estimulam os filhos a administrar o dinheiro desde cedo. O resultado são pessoas que não conseguem seguir um princípio básico das finanças pessoais: não gastar mais do que ganha.

Parece ser algo simples, mas para a maioria das pessoas não é. Muitas usam o limite do cheque especial do banco como se aquele dinheiro pertencesse a elas. Quando na verdade o dinheiro pertence ao banco, que cobra caro para emprestá-lo – juros que chegam a 6% ao mês. Ou usam o cartão de crédito para financiar compras e compras a perder de vista. No fim das contas são tantas prestações que aquele princípio básico ali em cima vai para o beleléu.

Por isso considero fundamental fazer a planilha de gastos e confrontá-la com a receita. Se as despesas excederem-na, é preciso cortar, e não pedir emprestado ao banco, como muitos fazem.

Mas digamos que você já está atolado até a cabeça de dívidas. Não tem dinheiro para honrar com as prestações, muito menos para liquidar o principal. Não tenha vergonha de ir ao seu banco e negociar com o gerente. Diga que não tem como pagar e que quer renegociar a dívida. O banco certamente o fará, uma vez que é melhor receber menos do que receber nada.

Tente alguma linha de crédito mais barata do que a sua dívida. Por exemplo, o cheque especial cobra em média 6% ao mês. Vá ao banco e peça um empréstimo com juros menores – 3% é plausível – para quitar este primeiro. Isto já vai aliviar parte do seu sufoco.

Outrra opção é pegar emprestado com familiares seu saldo devedor a juros por exemplo, do CDI. Mas para isso, tome a iniciativa de fazer um documento reconhecido em cartório que comprove que você está devendo a seu familiar e que vai pagar conforme aqueles juros. O CDI hoje não chega a 1% ao mês. O familiar vai ganhar, porque vai emprestar com juros acima da maioria das aplicações existentes e você ganha porque vai poder quitar aquela dívida cara lá em cima, de 5%, 6% ao mês.

Só para exemplificar. Hoje você deve ao banco R$ 3 mil, a juros de 5% ao mês e o prazo de pagamento da dívida é de dois anos. As prestações para quitar essa dívida serão de R$ 217. Se você pegar o mesmo valor com seu familiar, documentar em cartório que vai pagar com juros de 1% ao mês, suas prestações caem para R$ 141. Ou seja, só aí você já consegue um alivio mensal de R$ 75. Para quem está atolado, é um começo.

Além disso, nesses dois anos, esses R$ 75 aplicado a juros de 0,6% (poupança), representa uma economia de R$ 1,9 mil. De resto, é só fazer o corte nas despesas – sempre há despesas a cortar, basta conhecê-las! E não pegar novos empréstimos.

Na próxima edição, ensino uma maneira muito legal de comprar as coisas que se deseja sem entrar em dívidas malucas.

Uma boa semana de economia.

domingo, junho 03, 2007

13ª edição - Sua aposentadoria

Há no mercado uma série de planos de aposentadoria. Com um depósito automático de uma quantia mensal, o cliente garante, na idade em que desejar, uma retirada mensal que complementa a renda da aposentadoria oficial e permite que se mantenha o padrão de vida no período de retiro.

Os bancos, por sua vez, fazem questão de mostrar aos seus clientes as possibilidades de aplicação nesse tipo de produto. Sempre que o seu gerente tiver a possibilidade, ele vai te oferecer uma das opções disponíveis. Isso porque as instituições financeiras cobram uma taxa de administração proporcional ao dinheiro aplicado e com isso fazem um dinheirão.

Mas é fácil fazer um plano de previdência próprio, sem precisar abrir mão de parte da rentabilidade para remunerar o banco. Com organização e disciplina, é possível fazer o próprio pé de meia, ganhando um pouco mais do que o banco te pagaria.

Vamos a um exemplo prático e surpreendente. Você tem 25 anos. Sua renda é de R$ 4 mil mensais. Quer se aposentar aos 60 e manter o padrão de vida, deixando ainda uma herança para os filhos. Para isso, é preciso juntar R$ 800 mil, levando em conta uma taxa de juros eterna de 0,5% ao mês. Basta aplicar por mês, no Tesouro Direto ou CDB, R$ 561. Já descontei a inflação prevista nos cálculos.

Admito que é muito dinheiro para se poupar por mês, ainda mais se houver outras poupanças. Mas esse é um cálculo quase sem possibilidade de dar errado e sem riscos.

Agora se você aceita um pouco mais de risco, a surpresa: se aplicar em algo que dê 1,2% ao mês, precisará juntar apenas R$ 333 mil. E para isso bastam, é sério, R$ 27 por mês. Para conseguir essa rentabilidade recomendo uma carteira com 35% em CDB, 35% no Tesouro Direto e 30% em ações recomendadas por um analista experiente.

As taxas de juros fazem toda a diferença. Atente para a disciplina e organização. Elas são a base de tudo. Uma boa semana.