Desde que comecei a escrever neste espaço muita coisa mudou na minha vida financeira. E depois de tentar passar algo para os meus leitores, acabei vendo que ainda tinha muito o que aprender. E que, às vezes, é simples ensinar, dar dicas, mas na hora de tomar as próprias decisões financeiras, acabamos levando em consideração não somente a frieza dos números, mas todo o contexto em que estamos vivendo naquele momento.
Um exemplo prático. No início deste ano deccidi finalmente comprar o meu tão sonhado apartamento. Fiz e refiz as contas e vi que a prestação caberia no meu bolso e ainda sobraria algum. Financeiramente, o certo seria eu ter esperado, primeiro a crise financeira passar, depois juntar todo o dinheiro para dar à vista. Mas quanto tempo eu teria de esperar por isso? E o sacrifício de ir todo dia da Zona Oeste ao centro do Rio com nosso caótico transporte público?
Se eu tivesse colocado na ponta do lápis, continuaria lá em Realengo por mais uns bons anos, com uma boa sobra de dinheiro no final do mês, mas vivendo aquele cansaço diário do deslocamento casa-trabalho-casa.
Arrisquei e hoje estou feliz com a compra que fiz. Chego no trabalho em 30 minutos e tenho mais tempo para fazer as coisas. Até dormir mais tarde, como adoro, eu posso.
Mas mesmo arriscando, fiz muita conta antes. Mantendo o padrão de vida, os gastos não podiam ultrapassar a soma total do meu salário. E não passaram. Mas nesse meio tempo tive que fazer obras no apartamento novo. E aí sim a coisa complicou. Portanto, quando comprar um apartamento, sempre leve em consideração o montante que será necessário para fazer reformas. Geralmente, o orçamento estoura e você acaba gastando muito mais do que previu. Então, fique ligado.
Quando for comprar um imóvel, leve também em consideração o preço do condomínio. Tem uma conta simples de fazer que você traz a valores de hoje a cota do condomínio que vc pagará pelo resto da vida. Pegue o valor do condomínio e multiplique por 12 meses. O valor encontrado é dividido pela taxa Selic atual menos a previsão de inflação. O valor encontrado você soma ao preço do imóvel, para saber o real valor do mesmo.
Ex:
Preço do imóvel (p) = R$ 200 mil
Condomínio (c)= R$ 600
Taxa selic (s) = 8,5% = 0,085
Inflação prevista (i) = 3,5% = 0,035
Então temos = c*12/(s-i) = 600x12/(0,085-0,035) = 7200/0,050 = 144.000
Portanto, na verdade voce nao está comprando um apartamento de R$ 200 mil, mas sim de R$ 344 mil. Isso é extremamente útil se você está comparando o preço de uma casa (sem condomínio) com um prédio. Leve em conta, no entanto, que nas casas há um gasto anual de manutenção externa, além da conta de água. Se tiver piscina então, o gasto é grande. Não tenho elementos para dizer de quanto é esse gasto. Mas se vc sabe, aplique a fórmula acima para poder comparar os dois imóveis. A má notícia é que essa conta só vale para quem está comprando, nunca para quem está vendendo.
No próximo post, pretendo falar um pouco da minha volta, depois de um ano à renda fixa.
Um abraço a todos.
quinta-feira, dezembro 03, 2009
Números e coração
Postado por Beto às 8:39 PM
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