segunda-feira, maio 28, 2007

12ª edição - investimentos de curtíssimo prazo

Uma grande amiga me provou essa semana que é possível juntar quase R$ 50 mil em sete meses. E para isso não é preciso entrar para o crime organizado, muito menos praticar qualquer outra atividade degradante. Basta ter cerca de R$ 5 mil, muita coragem e espírito de aventura. Ah, é preciso falar inglês também e ter entre 20 e 28 anos.

Trata-se do bom e velho intercâmbio. O aporte inicial é de apenas R$ 4,8 mil. Com essa grana, você paga um programa de intercâmbio para trabalhar nos Estados Unidos. Você já sai daqui com o emprego garantido. Prefira os restaurantes, porque você já garante o pão nosso de cada dia for free. Outra dica é optar pelo serviço de moradia do seu empregador. Ou seja, você já tem onde comer e dormir e não paga transporte para ir trabalhar.

Num restaurante, trabalhando como recepcionista, consegue-se em média US$ 10/hora. Trabalhando 40 h semanais (8h/dia) você faz US$ 400 por semana e US$ 1,6 mil por mês. A moradia custa em média US$ 300. Então sobram US$ 1,3 mil livres para você guardar. Lembre-se que não haverá despesas com transporte e alimentação.

Mole, mole, você arruma um segundo emprego por lá. Prefira o turno da noite, pois pagam melhor, cerca de US$ 15/h. Nesse, você trabalhará 30 h semanais. Ou seja, mais US$ 1,8 mil /mês.

Os dois dias de folga também podem ser lucrativos. Tomar conta de crianças pode te dar US$ 200 em um dia. Se trabalhar em um dos dois dias de folga, mais US$ 800 estarão no seu bolso no fim do mês.

Já temos então uma renda mensal de US$ 3,9 mil, já descontando a moradia. Trabalhe durante sete meses aproximadamente nesse ritmo frenético e voila: US$ 27,3 mil estarão na sua conta bancária no fim desse período. Desconte os US$ 2,5 mil investidos e o caixa livre para você será de US$ 24,8 mil. Trazendo para o real, serão aproximadamente R$ 48,4 mil.

Aqui não levei em consideração a aplicação do dinheiro, pois tenho pouco conhecimento dos investimentos nos EUA, mas por mais que as taxas de juros lá sejam irrisórias, você chega fácil aos R$ 50 mil com qualquer bond de curto prazo daqueles combinado com alguma ação de uma boa empresa.

Além de passar por uma experiência de vida única que pode contar, no futuro, pontos em seu currículo, minha amiga garante que esse período é bastante divertido. Não faltam festas daquelas que se vê em filmes bobos norte-americanos e se faz muitos novos amigos. Bom mesmo é arrastar com você alguém daqui para ajudar no período de transição. Sempre tem um amigo disposto a essas aventuras.

Uma boa semana a todos.

domingo, maio 20, 2007

11ª edição - POP Bovespa

As taxas de juros estão em queda e as aplicações atreladas a elas idem. O Ibovespa, por outro lado, bate recordes quase toda semana. Entretanto, o medo de amargar perdas inerentes ao mercado de ações faz com que as pessoas se mantenham longe dele, mantendo o dinheiro nas famigeradas cadernetas de poupança. Agora, no entanto, quem quer ganhar um pouco mais e se proteger ao mesmo tempo tem uma boa opção de investimento – o Proteção do Investimento com Participação (POP) da Bovespa.

O POP protege contra perdas parte do dinheiro investido na compra de ações, em troca de uma pequena “gratificação” em caso de valorização das mesmas. Isto é conseguido através da combinação de ações, opções de venda e opções de compra. Opção é o direito de um investidor de exercer ou não a compra ou venda de uma ação, em troca de um prêmio pela espera.

As opções são assim: quando alguém tem uma opção de venda, quer que o preço da ação caia (!), para que no momento em que for exercê-la, possa comprar a ação por um preço baixo e vender a ação ao preço acertado na opção. Quem tem uma opção de compra torce para que a ação suba, para que, no momento em que for exercer o direito de compra, possa comprar a ação por um preço inferior ao da cotação do mercado, podendo vendê-la em seguida pelo preço do mercado.

O POP é então, como eu disse, uma combinação de ações, opções de venda e opções de compra. Juntos, os três papéis fazem a proteção ao capital investido, já que caso a ação caia, parte disso é compensada pelas opções de venda integrantes do POP. Na prática, qualquer um com conhecimento do mercado de ações e opções poderia montar essa carteira de ações e opções, mas o próprio produto faz isso por você, poupando-o deste trabalho.

Vamos a um exemplo prático. Suponha que a ação X esteja cotada a R$ 50 e que exista um POP dessa ação com capital protegido de R$ 45 (64%); percentual de participação do comprador de 80% e prazo de seis meses. Suponha também que você comprou 1.000 unidades desse POP por R$ 49,00 a unidade. Logo, você investiu R$ 49 mil.

Agora digamos que no momento do resgate do POP a ação esteja cotada a R$ 30,00. Isto é, ela se desvalorizou 39 %. Se você possuísse somente a ação, seus recursos teriam caído de R$ 49 mil para R$ 30 mil. Mas como você adquiriu o POP, neste caso, você receberá o valor do seu capital protegido, ou seja, R$ 45 mil. Ou seja, sua perda foi de apenas 8%.

Suponha que em vez de cair, a ação subiu para R$ 70,00, valorização de 43%. Nesse caso, além do seu capital protegido, você ganhará 80% dos retornos excedentes, ou seja, você receberá R$ 65.000,00. [45,00 + 0,8 x (70,00 - 45,00)] x 1.000. Ou seja, seu ganho foi de 32%. Nada mal, não é?

Isso mostra que o POP pode ser uma boa opção para quem quer investir no mercado acionário sem correr grandes riscos e também participar dos bons ganhos que o Ibovespa vem dando nos últimos anos. Procure sua corretora de valores para saber como adquirir.

Bom investimento a todos.

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domingo, maio 13, 2007

10ª edição - Ainda os negócios

Na última edição do Finanças e Ciladas falei sobre empreendedorismo. Ou seja, se vale a pena ou não abrir um negócio próprio. Como o assunto gerou bastante repercussão, até mesmo entre amigos meus empresários, resolvi aprofundar o assunto. Hoje vou mostrar como um bom consultor financeiro analisa uma empresa, ou no jargão do mercado, faz sua evaluation.

Vou usar como exemplo a decisão de um empresário em abrir um restaurante num ponto com bastante movimento no centro do Rio de Janeiro. Vamos chamá-lo de R.M., apenas para facilitar a história que se segue.

R.M. é um empresário bem sucedido, com diversas casas noturnas no Rio de Janeiro. Mas queria diversificar sua carteira de ativos e por isso decidiu construir o restaurante, para funcionar apenas em dias e horários comerciais. O objetivo era servir com qualidade as pessoas que trabalham na região.

Foi até seu consultor financeiro pedir para que fizesse uma análise da nova empreitada em que ia se meter. O consultor pediu algumas informações básicas, como investimento previsto e empréstimos que seria tomados e em que condições. A partir de uma pesquisa de mercado, o profissional buscou outros dados como previsão de refeições servidas, ticket médio por pessoa (quanto cada pessoa gastaria no restaurante), custos fixos, custos variáveis, capital de giro necessário para tocar o negócio, etc.

Com esses dados em mãos e utilizando conceitos básicos de finanças, como custo da dívida e de capital próprio, benefício fiscal, estimou os fluxos de caixa dos cinco anos a frente – grosseiramente falando receitas menos despesas – e trouxe tudo a valor presente descontando pelo custo de capital próprio, já que queria avaliar o quanto aquilo traria de retorno para si, sem contar o endividamento.

Com os cálculos feitos, chegou à conclusão que o negócio tinha um valor presente de R$ 1,5 milhão. Ou seja, construir aquele empreendimento tornaria o empresário hoje R$ 1,5 milhão mais rico do que se continuasse apenas com seus atuais ativos. Se ele já não fosse milionário passaria a ser, caso as avaliações estivessem corretas.

Mais uma vez, isso serve para ilustrar que abrir um negócio próprio é coisa para profissionais. Sem o conhecimento de finanças do consultor, a abertura do negócio era um tiro no escuro para R.M.. Ainda assim, há o risco de se superestimar as receitas e subestimar as receitas, o que pode por tudo água abaixo.

A tabela utilizada para fazer a avaliação está disponível aqui. Não é algo trivial de se entender, mas mostra como os consultores fazem para avaliar um negócio.

Uma boa semana a todos.

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segunda-feira, maio 07, 2007

9ª edição - Ser ou não ser um empresário?

Vocês se recordam que no primeiro número deste blog eu lhes mostrei como ficar milionário. Sim, era perfeitamente possível e pude demonstrar isso por A + B. O problema é que para isso, era preciso abrir mão de muita coisa só para juntar o primeiro milhão. Existe, contudo, uma maneira mais rápida de ficar milionário e que é a aposta de muita gente que fica desempregada nos dias de hoje: abrir o seu próprio negócio.

A grande questão que reside aí é: para que abrir um negócio? Para ter a mesma renda de quando era assalariado ou para ficar rico? A resposta para essa pergunta ajuda a definir se abrir um negócio próprio pode ser definitivamente o bom negócio. Isso, é claro, desde que se tenha princípios e se queira agir dentro da lei. Senão, a leitura pode parar por aqui.

Se o plano é abrir uma pequena empresa para ter a mesma renda de assalariado, novamente convido-o a encerrar esta leitura e abrir os classificados do seu jornal favorito. A dor de cabeça não compensa. Mas se o intuito é ter uma remuneração bem maior com algo que se acredita que vai dar certo, vá em frente.

Primeiro de tudo, é preciso acreditar naquilo que se vai vender, seja um produto ou serviço. Não se trata de fé, mas sim uma boa análise financeira. Para isso, não dispense a contratação de uma boa consultoria de finanças. É tanta coisa que tem que ser levada em consideração para dar esse passo, que não vale a pena se arriscar às cegas. É perda de dinheiro na certa.

Alguém que entenda de finanças vai analisar a previsão de fluxo de caixa futuro da sua empresa, analisar o custo de capital próprio, o custo de empréstimos e trazer tudo a valor presente. Se o investimento que se está disposto a fazer for maior do que esse valor, não vale a pena gastar o seu tempo e dinheiro constituindo o seu próprio negócio.

Isso é trabalho para profissionais e não para qualquer um, é bom ressaltar desde já. Você nem imagina, por exemplo, que dados como o Risco Brasil, as taxas de juros nos EUA, a Selic e o retorno financeiro da Bovespa e outras coisas mais podem ajudar a dizer se o seu negócio é ou não viável desde agora e se ele vai criar valor para você.

No Brasil, os impostos são escorchantes. São tantos tributos e formas de tributação que o empresário inexperiente pode se perder por aí e amargar prejuízos. Por isso é fundamental que se faça uma boa análise tributária para saber qual é a melhor forma de tributação de IR (real ou presumido) e quais são os impostos incidentes sobre o faturamento de determinado negócio. Mais uma vez, coisa para profissional.

São os negócios que passam pelo crivo dessas pessoas que costumam dar certo. Pergunte ao Ricardo Mansur se ele abre uma boate totalmente no escuro. Por trás dele, há uma boa consultoria financeira, dando o apoio necessário para o desenvolvimento das suas empresas.

Por fim, se as estimativas feitas forem boas e corretas, mãos a obra. Coloque toda a sua criatividade e bom senso em torno da sua idéia e com certeza você será um bem sucedido empresário no futuro.

Uma boa semana a todos.

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