domingo, maio 13, 2007

10ª edição - Ainda os negócios

Na última edição do Finanças e Ciladas falei sobre empreendedorismo. Ou seja, se vale a pena ou não abrir um negócio próprio. Como o assunto gerou bastante repercussão, até mesmo entre amigos meus empresários, resolvi aprofundar o assunto. Hoje vou mostrar como um bom consultor financeiro analisa uma empresa, ou no jargão do mercado, faz sua evaluation.

Vou usar como exemplo a decisão de um empresário em abrir um restaurante num ponto com bastante movimento no centro do Rio de Janeiro. Vamos chamá-lo de R.M., apenas para facilitar a história que se segue.

R.M. é um empresário bem sucedido, com diversas casas noturnas no Rio de Janeiro. Mas queria diversificar sua carteira de ativos e por isso decidiu construir o restaurante, para funcionar apenas em dias e horários comerciais. O objetivo era servir com qualidade as pessoas que trabalham na região.

Foi até seu consultor financeiro pedir para que fizesse uma análise da nova empreitada em que ia se meter. O consultor pediu algumas informações básicas, como investimento previsto e empréstimos que seria tomados e em que condições. A partir de uma pesquisa de mercado, o profissional buscou outros dados como previsão de refeições servidas, ticket médio por pessoa (quanto cada pessoa gastaria no restaurante), custos fixos, custos variáveis, capital de giro necessário para tocar o negócio, etc.

Com esses dados em mãos e utilizando conceitos básicos de finanças, como custo da dívida e de capital próprio, benefício fiscal, estimou os fluxos de caixa dos cinco anos a frente – grosseiramente falando receitas menos despesas – e trouxe tudo a valor presente descontando pelo custo de capital próprio, já que queria avaliar o quanto aquilo traria de retorno para si, sem contar o endividamento.

Com os cálculos feitos, chegou à conclusão que o negócio tinha um valor presente de R$ 1,5 milhão. Ou seja, construir aquele empreendimento tornaria o empresário hoje R$ 1,5 milhão mais rico do que se continuasse apenas com seus atuais ativos. Se ele já não fosse milionário passaria a ser, caso as avaliações estivessem corretas.

Mais uma vez, isso serve para ilustrar que abrir um negócio próprio é coisa para profissionais. Sem o conhecimento de finanças do consultor, a abertura do negócio era um tiro no escuro para R.M.. Ainda assim, há o risco de se superestimar as receitas e subestimar as receitas, o que pode por tudo água abaixo.

A tabela utilizada para fazer a avaliação está disponível aqui. Não é algo trivial de se entender, mas mostra como os consultores fazem para avaliar um negócio.

Uma boa semana a todos.

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