Esta semana todos os jornais deram efusivamente a notícia de que o prazo para financiamento de imóveis da Caixa Econômica Federal (CEF) aumentou de 20 para 30 anos. O Globo, por exemplo, destacava em sua reportagem, que, com a mudança, a prestação reduziria-se em cerca de 17% para um financiamento de R$ 80 mil.
Fico impressionado – e outras pessoas vieram falar o mesmo comigo – como os jornais simplesmente não conseguem ver o outro lado dos fatos ao transformá-los em notícia. Sem nenhum conhecimento financeiro, dá pra notar a falcatrua. Ou seja, você fica pagando o imóvel dez (!) anos a mais, para ter uma prestação apenas 17% menor. Dez anos é uma vida.
Na simulação feita pelo O Globo um financiamento de 80 mil durante 20 anos, incluindo taxas daria uma prestação mensal de R$ 992,79, a uma taxa anual de 8,66% mais TR. Pelas novas regras, o valor da mensalidade cai para R$ 824,69 num financiamento de 30 anos, com uma taxa de juros de 8,16%.
Na prática, aumenta-se o prazo em dez anos (50%) e derruba-se os juros em apenas 0,5 ponto percentual ao ano (5%) . Porque não o contrário? Aplicando a prestação menor no pior investimento possível – a poupança – por 30 anos você terá ao final do período nada menos do que R$ 998 mil, ou seja, quase R$ 1 milhão.
O que os jornais tinham de dizer é que não é o prazo de 20 anos que é ruim, mas sim as taxas de juros que são exorbitantes. Um roubo. Do jeito que as notícias são dadas, fica-se a impressão que o crédito está cada vez mais acessível no Brasil. O mesmo vem acontecendo com automóveis e outros bens duráveis.
Só como consultoria financeira, quem quiser juntar R$ 100 mil para comprar um apartamento e dispõe por exemplo de cerca de R$ 600 para aplicar mensalmente, basta comprar todo mês a quantia em títulos do Tesouro Direto, durante 8 anos e 11 meses. Voilá! Seus R$ 100 mil estarão lá!
Uma boa semana a todos
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