domingo, março 18, 2007

2ª edição - Fazendo o dinheiro sobrar

Na última – que também foi a primeira – edição do Finanças, vocês descobriram a mágica que o transforma num belo e requisitado milionário. É óbvio que juntar R$ 1 milhão foi uma grande brincadeira. Serviu para ilustrar que o dinheiro, bem aplicado, trabalha para você. E que qualquer coisa que se quer ter no futuro – uma casa, um carro ou a viagem dos sonhos – é um sonho possível. Mas para isso é preciso sobrar dinheiro. Até o Lula já sabe disso (pelo menos eu acho). Por isso, vieram me perguntar: como fazer para que sobrem umas moedinhas no porquinho nos derradeiros dias do mês? A resposta está dentro de cada um.

A tarefa não é nada trivial, não se enganem. As pessoas costumam criar necessidades para si mesmas. Esses mimos custam dinheiro e, não raro, muito. Um celular com plano de 500 minutos, uma conexão de Internet com 4 mbps, perfumes caríssimos, aparelhos eletrônicos de última geração, lazeres luxuosos, presentes – sim os presentes – caros, supérfluos nas compras do mês, ir trabalhar de carro são alguns dos exemplos possíveis. “Ah, então entendi Roberto, eu tenho que abrir mão disso tudo?”. A resposta é um sonoro NÃO. Mas façam um exercício simples e se perguntem: de todas essas coisas que eu tenho hoje, com o que eu posso viver sem? Ou pelo menos viver com menos? E ter por menos?

Tenho certeza que, com calma e raciocíno lógico, a resposta virá. Passada essa etapa, é hora de saber direitinho para onde está indo o dinheiro. Caneta e papel na mão – ou melhor, teclado, mouse e uma boa planilha eletrônica. É imprescindível identificar gasto a gasto. Sem isso, não há como atacar corretamente. Legal também é saber o percentual que cada dispêndio representa no bolo. Basta dividir o valor do gasto X (luz por exemplo) pelo gasto total e multiplicar por 100.

Agora é hora de arregaçar as mangas e agir. Primeiro nos gastos fixos. Imponha-se metas de redução. Qualquer dono de padaria da esquina sabe disso. Reduza, por exemplo, em 15% cada uma das despesas fixas. Luz, água, gás, telefone e celular podem ficar mais baratos se houver parcimônia. Vilões da luz: ar-condicionado e chuveiro elétrico. Afinal você precisa mesmo de um banho fervendo de 20 minutos? Ou cinco bastam? Foi pra isso que você ralou tanto? Tente reduzir o tempo do ar-condicionado ou regule o termostato para uma temperatura que deixe o ambiente agradável – o meu não passa da metade da volta toda.

Algumas despesas, como escolas dos filhos, não dá pra reduzir. Paciência. Mas ano que vem tente negociar com o colégio o pagamento a vista das mensalidades, obtendo um bom desconto. Não feche negócio, no entanto, antes de conversar com alguém que realmente entenda de matemática financeira. É bem possível que o preço a vista não compense, porque os donos da escola sabem fazer conta como ninguém. Me mande um e-mail (já estou até vendo as cartinhas entupindo minha caixa) e a gente vê o que é melhor. A dica vale para outras despesas, como seguro do carro. Cuidado com os parcelamentos, eles podem minar seu orçamento.

Celular e telefone também podem ser reduzidos e você, no fundo, sabe disso. Controle-se, fale menos. A menos que você use o aparelho para trabalhar, não é preciso ficar pendurado nele ou ligar para todos os amigos a toda hora. Em último caso troque aquela conta gigantesca por um pré-pago e coloque somente uma quantidade mensal de créditos determinada por você. Afinal, quem manda na sua vida?

Lazer. Grande ladrão das contas mensais. O maior deles e muitas vezes o mais difícil de atacar. Eu uso uma maneira simples: determino quanto eu posso gastar de lazer num mês, tiro o dinheiro do banco e separo em casa. Não uso o cartão de débito para nada, somente o dinheiro sacado. Quando acaba, digo aos amigos: “Hoje não dá, estou sem dinheiro”. Não é vergonha nenhuma, como diria Galvão Bueno sobre perder para a Argentina.

A técnica do lazer vale para quase todos os outros gastos variáveis. Lembre-se, não é cortar. É reduzir, no nosso exemplo, em 15%. Pra quem ganha R$ 5 mil por mês, 15% gastos a menos são R$ 750 a mais no bolso. Depois de cinco anos, isso, aplicado na poupança – que é a pior aplicação possível – se transforma em R$ 53.639,12. Não esqueça de me dar pelo menos os R$ 639,12 pela dica.

Já que pegou o embalo, guarde seu cartão de crédito em casa e não ande com talões de cheque. Gastar dinheiro sem vê-lo sair é tão fácil que ele acaba indo todo.

Uma boa dica também é fazer um orçamento anual. Mas, cada passo de uma vez, vamos ficar só na planilha mensal por enquanto. Mais uma vez, é preciso disciplina e perseverança. Palavras-chave para quem quer guardar hoje, para ter mais amanhã. Boa economia para todos.

:: Na próxima edição do finanças, em que aplicar?